terça-feira, 6 de novembro de 2007

O Castelo

A minha rua tem uns prédios corridos, todos juntos uns aos outros, arquitectura própria dos anos 70/80 bem feiosa que a minha amiga Tátá poderá comentar com mais rigor quando se dignar a escrever aqui na botica.
Desse lado da rua metade dos prédios fazem uma espécie de vala à entrada com pontes para se entrar nas casas. Não consigo explicar de maneira a que fiquem com uma imagem visual fiel do aspecto da rua, mas o que quero dizer é que aquilo forma como que um "aqueduto" muito propício às brincadeiras dos mais petizes.

Ontem quando estava a chegar a casa vi um grupo de miúdos a brincar ás escondidas debaixo das pontes e dos muros que os prédios formam.
Um deles estava a contar e os outros já estavam escondidos nalgum sítio que ambos desconheciamos.
Conforme fui andando vio-os todos atrás do murinho... Espera lá que assim não ganham! Virei-me para trás e denuncie-os: "cof cof, alí alí". O miúdo da contagem ganhou e eles tiveram de trocar. Sorri vitoriosa.

Fiquei lixada por não me convidarem para brincar com eles depois disto.
Quis dizer-lhes que antes deles aquilo era meu.
Eu é que costumava ir para alí deitar-me debaixo das pontes a fingir que estava no meu castelo; eu é que deslizava nas inclinações das valas a ver os outros miudos a rachar os dentes, eu é que ficava nervosa quando tinha de ir a correr quando me apanhavam. "1,2,3 não salva ninguém!" Eu é que costumava ir para lá correr sem ter de me baixar para passar debaixo das pontes!
Depois deixei de ir para lá e agora quase de certeza que não passaria sem ter de me baixar, nem me poderia esconder atrás dos muros que eles apanhavam-me logo porque ficava com o rabo á mostra.
E agora os miúdos já não brincam com qualquer um.
E agora que tou grande os grandes também já não perguntam a qualquer um se quer brincar.

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